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DA MORDOMIA CRISTÃ
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Mateus 6:24.
A impossibilidade de se viver para Deus e pro dinheiro é vista em termos claros, aqui, no sentido de senhores e escravos. Ninguém pode servir a dois chefes diferentes ao mesmo tempo. Um, inevitavelmente, terá precedência em sua lealdade e obediência.
Deus e Mamom apresentam reivindicações díspares e rivais e a escolha de um deve ser feita antes de tudo. Colocar Deus em 1º lugar é rejeitar as regras do materialismo, agora, viver movido às custas do temporal é recusar a afirmação de que Deus é o soberano.
Se recebemos Jesus como Senhor na nossa vida, não há lugar para o dinheiro ser nosso patrão. Neste caso a única alternativa, face às riquezas, é de pura mordomia. É só pensar assim: ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam, Salmos 24:1, que logo nos percebemos como simples mordomos. Portanto, “a verdade fundamental da mordomia é que tudo o que tocamos pertence a Deus”. Deus é o dono e o Senhor de tudo o que pomos a mão.
William James Dawson afirmou: “Não é por acaso que 17 das 36 parábolas do Senhor tratam de propriedades e mordomia.” W. H. Greaves entendeu: - mordomia é o que o homem faz depois de dizer: ‘creio’. Ninguém tem o melhor conceito de mordomia do que uma nova criatura, uma vez que, “a má mordomia resulta em nada menos do que reter de Deus aquilo que lhe pertence.” Tudo o que somos e temos é do Senhor.
“Quer gostemos quer não, estamos limitados aos ensinos da Bíblia para nossa informação acerca de todas as doutrinas da fé cristã, e isto inclui a doutrina da mordomia.” E como ensinou Samuel Chadwick - “estou convencido de que não há assunto sobre o qual a consciência cristã esteja mais mal-informada do que o da contribuição.”
Alguém relutante com a participação em contribuir na igreja, indagou-me: - o dízimo é um imposto tributado por um sistema de recompensas? Você dá um tanto pra barganhar e receber muito mais... me parece, disse ele, que isto é coisa de aproveitador.
Primeiro, disse eu: Deus não precisa de coisa alguma. Deus não precisa de nada, Ele se basta, não precisa de dinheiro, nem o dízimo foi uma exigência sua. A primeira vez que o dízimo é mencionado na Bíblia foi num gesto de gratidão, num ato de adoração.
Quando abrimos mão de tudo o que ‘somos’ e de tudo o que ‘temos’, entregamos a Deus simplesmente o que lhe pertence. O que investimos na vida piedosa ou em caridade não é um tributo pago a um tirano, mas uma resposta de gratidão ao nosso Redentor. O dízimo não é nem propina para um benefício, nem uma gorjeta por um serviço prestado.
Melquisedeque, rei de Salém, era sacerdote do Deus Altíssimo. Ele trouxe pão e vinho e abençoou Abrão, e diz - “abençoado seja Abrão pelo Deus Altíssimo,Criador do céu e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou em suas mãos os seus inimigos”. Então Abrão deu a Melquisedeque a décima parte de tudo que havia recuperado. Gênesis 14:18-20.
Melquisedeque abençoou Abrão, e este, por sua vez, deu ao sacerdote de Deus o dízimo de todos os seus bens que foram capturados. Em Hebreus 7, aprendemos que havia um profundo significado espiritual nessa ação. É o senso de gratidão e não de recompensa.
Abrão foi progenitor de Arão, e aquiele é visto como o primeiro representante do sacerdócio Aarônico. O fato de que Melquisedeque abençoou Abrão, isto significa que o sacerdócio de Melquisedeque é maior do que o de Arão, porque aquele que abençoa é de fato, superior àquele que é abençoado. Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior.Hebreus 7:7.
Só pelo fato de Abrão ter pago o dízimo a Melquisedeque é visto aqui como uma figura do sacerdócio aarônico reconhecendo realmente a superioridade do sacerdócio de Melquisedeque, porque o menor entrega os dízimos ao maior. Embora esta disposição nunca tenha sido uma exigência de Deus, foi um gesto de profunda gratidão do adorador.
O dízimo não é um imposto requerido por Deus, pois Ele não necessita de coisa alguma. Também, não é uma gorjeta dada pelas bençãos derramadas. A gratidão não quer dizer que vamos recompensar a Deus por Ele nos ter abençoado. Não se trata de uma gratificação por um serviço prestado, mas de real gratulação pelo sublime privilégio de ser participante do Reino do Seu amor. Gratidão aqui é a matéria-prima de um amor concreto.
Também falei ainda com aquela pessoa que o dízimo nunca foi uma propina, como fazem as empreiteiras, quando querem um contrato vantajoso do governo. No Reino de Deus, o “que nos torna ricos, neste mundo, não é o que tomamos, mas sim o que damos.” Além do que, não damos para sermos ricos, damos porque somos ricos do amor.
Daí pra frente passei a abordar a mordomia cristã dum modo mais amplo. Citei este pensamento: “Pode-se argumentar que no Antigo Testamento os dízimos eram pagos e, portanto, falando especificamente, não estão na categoria de contribuição voluntária. A contribuição cristã só começa quando damos livremente mais do que o décimo.”
“O dízimo não deve ser um teto em que paramos de contribuir, mas um piso a partir do qual começamos,” afirma J. Blanchard. Se você não dá alguma coisa que Deus quer que você dê, você não a possui; ela o possui. Somos servos de quem nos possui, seja de Deus que nos libertou na liberalidade, seja do dinheiro que nos escraviza na avareza.
O apóstolo Paulo mostra como as igrejas da Macedônia contribuíam: Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. 2 Coríntios 8:3-4.
A mordomia cristã não é uma obrigação, nem um peso. Não se trata de mero dever, mas de real prazer em ser participante da expansão do Evangelho da graça. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. 2 Coríntios 9:7.
Já citei no estudo anterior um pensamento que diz o seguinte: mordomia não é um ato de deixar uma recompensa qualquer sobre a mesa de Deus; não é gorjeta, não é propina; é a confissão de uma dívida impagável contraída no Calvário. Quando creio, torno-me de um modo voluntário e prazeroso um mordomo dos tesouros do Senhor.
Alguém afirmou assim: “trabalhe arduamente, consuma pouco, dê muito - e tudo a Cristo.” E John Owen, no séc 16 pontuava: “não darei valor às orações, ainda que intensas e frequentes, de quem não faz as contribuições de acordo com sua capacidade.”
Deus não precisa das nossas contribuições, mas nós precisamos ser libertos da nossa avareza. Deus pôde alimentar o profeta por meio de corvos, mas nós precisamos ser livres dos corvos da ganância. Deus não precisa de coisa alguma, contudo nós precisamos inteiramente da graça de Deus para sermos desapegados das posses terrenas.
O apóstolo diz: Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. 1 Timóteo 6:10. “De quantas maldições e humilhações ficaríamos livres se o povo de Deus fosse liberto do amor ao dinheiro e contribuísse conforme as Escrituras orientam!” O uso das ‘nossas’ posses mostra quem realmente somos.
“Sem dúvida que, embora sob um princípio diferente, o homem é julgado não apenas pelo seu dinheiro no reino deste mundo, como também no reino dos céus o será com toda a certeza. O mundo se questiona: Quanto é que este indivíduo tem? Cristo pergunta: Como será que este homem usa o que tem? O mundo pensa, sobretudo, em ganhar dinheiro; Cristo, na melhor forma de vir a dá-lo. E quando um homem dá, o mundo ainda pergunta: Quanto deu? Cristo pergunta: Como deu? O mundo leva em conta o dinheiro e sua quantidade; Cristo, o homem que dá e seus motivos,” disse Andrew Murray.
Não podemos comprar o céu com dinheiro. Porém, em nossas ofertas voltadas ao céu, podemos provar e cultivar mordomia cristã no amor a Cristo, no amor aos homens e na devoção à obra de Deus. Como estamos administrando o patrimônio de Deus?
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