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Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Salmos 19:12.
Saber discernir é fundamental para saber escolher. Sem discernimento não há possibilidade de crescimento espiritual. Como temos visto, nesses estudos, é mais útil ter discernimento do que ter cultura. Uma pessoa cheia de conhecimento, mas desprovida da capacidade para distinguir a religião do evangelho é uma tragédia.
Há muita gente na igreja que pensa: - humanismo é o mesmo que cristianismo. Isso é o cúmulo da ignorância espiritual. Para o sábio Paul Kurtz, o humanismo não pode, em nenhum sentido razoável, ser considerado por alguém que ainda creia em Deus.
Protágoras de Abdera, na Trácia, foi o sofista que cunhou uma frase, que tem mantido por séculos,a tese humanista clássica: O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são. Tudo que ele quis dizer foi: o homem é a régua que mede tudo e tudo só pode ser avalizado por ele.
O humanismo propõe ao homem ser como Deus, destronando o próprio Deus de Seu trono. Essa é a velha proposta da serpente. Quando o ser humano se basta, Deus é descartado. Porém, como diz Richard Cecil, “constrói coisa muito pobre quem constrói abaixo dos céus”, ou seja: desconsiderar a Deus é suicídio intelectual e arrogância moral.
O erro mais terrível do ser humano é achar que ele se basta. Mas, quem pode discernir os próprios erros? Quem, de fato, se acha bastante, tendo a morte como seu limite? Mesmo assim, a soberba é a nossa conselheira astuta, por isso o salmista suplica: Também da soberba guarda o teu servo, e que ela nunca me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão. Salmos 19:13.
Deus tornou-se um homem para destronar o humanismo que pretende fazer do homem, Deus. Jesus era Deus encarnado, desencarnando a pretensão do homem de ser como Deus. A cruz foi o patíbulo que sacrificou essa arrogância pelos tronos. Como dizia Thomas Brooks, “as doutrinas humanas não contêm poder para humilhar”, e, destituídas de humildade, não podem trazer libertação para a soberba do pecado.
O humanismo entrou na igreja, não através desses pecados sórdidos, mas dos pecados nobres. O maior perigo não está na prostituição carnal, embora isso seja terrível. O grande risco da santidade é a altivez espiritual no adultério idólatra do egoísmo. Creio que o maior risco que enfrentamos na igreja são os humanistas travestidos de cristãos.
A sinagoga de Satanás ou a escola do humanismo, fez parte de duas igrejas do Apocalipse que não tiveram repreensões. As doutrinas de demônios não vêm da feitiçaria; estas, são obras da carne, mas da nobreza e arrogância. Os pecados declarados nobres, são insuspeitos. A justiça própria é vista como uma qualidade e nunca como um defeito. Meus irmãos, o maior perigo é a hipocrisia, quando se é santo apenas na vitrina.
Já vimos, nesses estudos, que o técnico do humanismo é Satanás. Jesus foi suficientemente claro ao dizer a Pedro estas palavras: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens. Mateus 16:23. Deus ama os homens e quer libertá-los da soberba. Satanás só se importa com os homens para incitá-los a serem como Deus. É uma questão de rebelião.
O humanismo está voltado para os valores do homem, sem a dependência de Deus. Segundo L. Nelson Bell,”os cristãos precisam reconhecer o fato solene de que:- o humanismo não é um aliado na busca de um mundo melhor para viver. É sim um inimigo mortal, pois é uma religião sem Deus e sem esperança neste mundo e no próximo”.
O humanismo é uma religião sem o Deus da criação, mas com um deus criado e prepotente, definindo o que deve ser. O ser humano deificado é um deusinho déspota e arrogante, que faz da moral correta o seu padrão de aceitação. Embora, o que vale, é a pura e ilusória aparência. A velha hipocrisia patrocina tudo na religião humanista.
Alguém já disse que o humanismo e o cristianismo têm algumas coisas válidas em comum: a bondade, por exemplo. Só que, no humanismo, a bondade é aparente e se propagandeia, enquanto na legítima fé cristã, ela é autêntica e sem qualquer necessidade de se exibir. Uma mão dá a esmola e a outra não sabe. Não existe relatório, só realidade.
Quando um ser humano, pela graça do Pai, ganha a revelação de sua co-morte juntamente com Cristo, seu modo de viver agora é a vida de Cristo, coletivamente voltada para a glória de Abba. Não existe cristão desmembrado do corpo de Cristo e nem esnobe. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. Mateus 5:16.
Jesus não disse: tu és a luz do mundo, mas vós sois a luz. Há uma única luz, que é Cristo, brilhando coletivamente em várias velas, onde alguém não é superior a ninguém. A única luz irradiada por muitos cristãos faz com que se vejam as boas obras e ao mesmo tempo se possa glorificar Àquele que as preparou para que andássemos nelas.
Cristão sem fruto é falso, mas, o cristão que alardeia os seus frutos, também é falso. A fé sem obras é morta. Tiago 2:26b, bem como aquela que propaga suas obras para ser reconhecida pela platéia, também é morta. Um humanismo-cristão se caracteriza pela exposição de suas obras, enquanto o cristianismo humano pela frutificação saudável para a glória de Deus. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:20.
Todo cristão verdadeiro é frutífero, mas nenhum é fanfarrão. Todo humanista de verdade é, também, realizador, porém, a sua preocupação fica com a sua visibilidade.
Um cristão faz o que faz, como cristão, pela graça, mas o humanista, pelo seu muque. O cristão, neste caso, adora a Deus. O humanista se exibe e busca ser adorado. O cristão sai de cena e glorifica a Deus, enquanto o humanista entra em cena e requer a glória para si. O primeiro se prostra, quebrantado; o segundo se promove, exaltado.
Outra característica diferente entre o humanista e o cristão é o uso da razão. O humanista insatisfeito tenta colocar o Deus infinito dentro da sua razão finita, enquanto o cristão contente coloca a sua razão finita à serviço do Deus absoluto em adoração.
Para o humanista a fé é irracional, por isso, ele a desconsidera. Para o cristão, a fé é sempre supra-racional, portanto, ele vive por ela. Como dizia Sto. Agostinho: “Deus não espera que lhe submetamos nossa fé sem o uso da razão, mas os próprios limites de nossa razão fazem da fé uma necessidade”.
A fé que não provém da razão é duvidosa, e a razão que não leva à fé deve ser temida, sustentava G. Campbell Morgan. Fé e razão nunca se repelem, ainda que a razão jamais possa explicar a fé, e essa, não se limite ao perímetro de um cérebro genial.
C. Colton dizia com propriedade milimétrica: “aquele que deseja crer apenas no que pode compreender totalmente, deve ter um cérebro muito grande ou um credo muito pequeno”. Tanto a razão limitada como os sentimentos volúveis não podem servir de pano de fundo da verdadeira experiência espiritual de fé. Os humanistas, na igreja, usam quase sempre a emoção como se fosse fé, e, com isso, confundem a comoção com a confiança.
Há um texto sobre emoção que é muito esclarecedor, falando da crise de Esaú. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado. Hebreus 12:17. Certamente essa emoção não autentica a fé.
As lágrimas de Esaú não foram suficientes para que desfrutasse do verdadeiro arrependimento, do mesmo modo que a emoção não é atestado fiel de autêntica fé. Por outro lado, precisamos sempre observar que a fé não precisa de prova e que os milagres não produzem fé. Eles podem ser produtos da fé, mas não servem para produzir a fé.
Volto a martelar. A soberba é difícil de ser percebida. Muitas vezes, e até com sinceridade, estamos pensando sob a ótica cristã, mas movidos por desejos humanos. É frequente observarmos o comportamento aparentemente cristão promovido por um estilo de humanismo domesticado, contudo, com as sutilezas da soberbia.
A mais perigosa de todas as comparações entre o humanismo e o cristianismo é a humildade. Muitos humanistas até se desestimam em público, mas nos bastidores se projetam, chamando a atenção para os seus feitos. Mas, lembre-se: quanto mais elevado estiver o homem na graça, menor ele será a seus próprios olhos. C. H. Spurgeon.
Portanto, sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos. Romanos 12:16.
“A ambição é miséria enfeitada, veneno secreto, praga oculta, executora do engano, mãe da hipocrisia, progenitora da inveja, o primeiro dos defeitos, ofensora da santidade e aquela que cega os corações, transformando medicamentos em doenças e remédios em males. Os lugares altos nunca deixam de ser incômodos, e as coroas estão sempre repletas de espinhos”, disse, com muita sabedoria, Thomas Brooks.
“Depois do espírito de discernimento, o que há de mais raro no mundo são os diamantes e as pérolas”, dizia Jean de la Bruyere. E eu insisto, se alguém nos enganar a culpa é, de fato, nossa e bem nossa. Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes. Colossenses 2:4. Lembre-se disso: o enganado é tão culpado do seu engano como o enganador. Portanto, não se deixe enganar nem engane ninguém.
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