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Data: 16/03/2020 Compartilhe esta notícia

Alerta: Estados não têm leitos suficientes de UTI do SUS

Na Região Norte, somente Rondônia preenche as recomendações da Organização Mundial de Saúde...

A maioria dos estados brasileiros está despreparada para atender, na rede pública, casos graves de pacientes infectados pelo coronavírus, cujo destino principal são as Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) com equipamentos de respiração para ventilação mecânica. As piores situações estão nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, as mais pobres e mais dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Nos municípios, menos de 10% têm leitos de UTI, públicos ou privados, e os pacientes terão de ser encaminhados a hospitais de referência regionais em seus estados.

Na Região Norte, dentre os sete estados, somente Rondônia atende as recomendações da Organização Mundial de Saúde com 1,01 leitos na rede SUS para cada 10 mil habitantes. No geral, Rondônia conta com 1,63 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes, sendo 7,08 leitos em hospitais da rede privada. 

Embora na média nacional o SUS cumpra, no limite, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ter o mínimo de um leito de UTI para cada 10 mil habitantes, dois terços deles (17 dos 27 estados) não chegam a isso, segundo dados do Conselho Federal de Medicina com base em números do Ministério da Saúde e do IBGE.

Nos epicentros mundiais da epidemia, a demanda chegou a 2,4 leitos de UTI por 10 mil habitantes, segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib). É mais que o dobro da média disponível no setor público brasileiro. 

Um atenuante, na comparação entre Brasil e Itália, por exemplo, é o menor percentual entre a população daqui de pessoas mais velhas, as principais afetadas pela doença.

No total, contando UTIs do SUS e privadas, o Brasil tem uma média de 47 mil leitos, divididos meio a meio em cada sistema. Somando os dois, a média sobe para 2,1 a cada 10 mil pessoas, abaixo da necessidade que vem sendo observada nos países mais afetados. 

O problema é que 75% dos brasileiros usam o SUS e só 25% têm plano de saúde, que atendem com folga os parâmetros da OMS em todos os estados, com média de 4,8 leitos por 10 mil segurados.

Antes do início da epidemia no país, a taxa de ocupação das UTIs para adultos na rede pública já era de 95%, o que mantém sistematicamente os hospitais ligados ao SUS sob pressão. No setor privado, com mais leitos, a taxa é de 80%, segundo a Amib. 

Nos casos graves de infecção pelo coronavírus, a experiência internacional mostra que os pacientes precisam de internação em UTIs por entre 14 a 21 dias, o dobro ou o triplo do tempo médio na rede pública em situações normais. Nos outros casos, muito semelhantes a gripes, sequer é necessária a permanência em leito hospitalar, o que torna as UTIs o principal gargalo.

Outro complicador importante é que mais de 30% dos leitos de UTI são para crianças, e eles teriam de ser adaptados para adultos durante a crise da Covid-19. “A questão é a distribuição desses leitos, levando em conta os dois sistemas [público e privado] e as disparidades regionais”, diz Ederlon Rezende, ex-presidente e membro do conselho consultivo da Amib.

A expectativa é que o clima mais quente impeça a propagação do vírus nessas regiões. Mas isso não está demonstrado ainda, embora a maioria dos casos no Brasil ainda se concentre no Sul e no Sudeste. 

Mais leitos hospitalares comuns e de UTI, para pacientes graves, já estão no horizonte nos planos dos governos estaduais caso avance e se agrave a pandemia causada pelo novo coronavírus. Alguns estados já preparam planos com leitos exclusivos para pacientes graves com Covid-19 ou preveem o uso da rede privada.

Folha de São Paulo

Data: 16/03/2020 Compartilhe esta notícia
 
 
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