BRASÍLIA: O descaso da Eletrobras com o consumidor rondoniense
É recorrente o descaso das Centrais Elétricas de Rondônia S/A - Ceron com o fornecimento de energia elétrica e as reclamações dos consumidores não param de chegar. Os problemas vão desde falta de energia, quedas e interrupções prolongadas de fornecimento, falhas na manutenção da rede de distribuição, demora na prestação de serviços, cobranças indevidas e danos materiais oriundos de má prestação dos serviços.
Por outro lado, os empregados da empresa são verdadeiros reféns da fragilidade de sucessivas gestões. São bodes expiatórios de uma empresa que beira ao colapso. A Ceron vive um grande dilema em sua trajetória histórica. Possui um corpo técnico altamente competente com um aparato logístico aquém do razoável, sobretudo nas questões básicas. Faltam carros, caminhões, equipamentos e infraestrutura. A rede é antiga, obsoleta e cai continuamente. Em outras palavras, tais profissionais estão tirando leite de pedra.
A Ceron vive um enorme contrassenso; um absurdo que tem revoltado a população. No ano passado, o estado ganhou reforço energético com a ativação de novas turbinas na usina de Santo Antônio, em Porto Velho. Dessa forma, Rondônia passou a transmitir energia limpa para o Sul do Brasil, sendo que seus próprios municípios ficaram a ver navios, como é o caso de Rio Pardo, onde os moradores estão implorando pela conclusão da obra de expansão da rede de energia elétrica naquela localidade.
O tamanho da incompetência da Ceron é proporcional ao das desculpas. A empresa contratada pela Eletrobras até iniciou as obras de ampliação da rede, mas abandonou os serviços a poucos quilômetros de sua conclusão. Um verdadeiro absurdo!
É bom lembrar que a Ceron foi federalizada e hoje aproximadamente 99% do seu capital pertence à Eletrobras e que, portanto toda a responsabilidade com relação a investimentos na infraestrutura de distribuição deve ser feita por essa estatal, ou pelo menos com liberação dos recursos para tal providência. Por isso, não é exagero afirmar que o declínio da Ceron está ligado diretamente a sua federalização. Tal façanha trouxe mais fracassos e reclamações do que êxitos e elogios. Portanto, quem está em débito com os rondonienses é, indiscutivelmente, a Eletrobras.
Recentemente, enviei um ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cobrar posicionamento da instituição sobre esses problemas, mas até agora nada foi resolvido. Os transtornos se agravaram desde que a Ceron foi federalizada e as reclamações tiveram aumento de 450%, um percentual assustador, que deveria colocar seus dirigentes em estado de alerta, o que não vem ocorrendo.
Com a interrupção do fornecimento ou a lentidão no restabelecimento dos serviços, muitos consumidores, principalmente os que atuam em comércios, estão tendo enormes prejuízos com a perda de produtos perecíveis. Os alimentos estragam com muita facilidade e o ressarcimento acontece a passos de tartaruga, quando é pago. Não é justo que algumas pessoas tenham que entrar na justiça para conseguir seus direitos. A Ceron deveria ter consciência do seu erro e resolver a questão de forma automática.
Será que estamos em um país em desenvolvimento ou vivendo na pré-história? A energia que movimenta as cidades, desenvolve o meio rural e dá melhores condições de vida ao homem do campo, não deve ser vista como um favor estatal ou de suas concessionárias, e sim um direito de todos. Mais do que distribuir energia é preciso, em primeiro lugar, distribuir respeito.
Ceron, chega de descaso com o povo de Rondônia!
FONTE: Moreira Mendes