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Desde o início do mês de abril, quando surgiu o primeiro caso de raiva animal no interior de Rondônia, a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa-RO), a Agência de Vigilância Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron) e os Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) de Ariquemes e Cacoal se uniram para identificar, controlar e prevenir novos casos em herbívoros nos dois municípios, que estão sendo atacados por morcegos hematófagos da família Desmodus rotundus, únicos transmissores da raiva na região – doença que mata em 99,99% dos casos.
A coordenadora estadual do programa de Vigilância e Controle da Raiva da Agevisa, Ana de Nazarés, explicou que as ações conjuntas realizadas de imediato nas duas cidades seguem um protocolo internacional que indica quatro passos básicos: 1– Atendimento à comunicação dos casos suspeitos e o imediato bloqueio da área de foco num raio de 12 quilômetros; 2– Vacinação e revacinação de todos os animais domésticos e rurais do perifoco (perímetro do foco); 3– Identificação e controle da população de morcegos hematófagos; e 4- Estímulo aos produtores para que façam a comunicação de casos suspeitos em suas propriedades, além de incrementar as campanhas de conscientização e educação em saúde usando os meios de comunicação de massa disponíveis.
“Esses quatro passos foram realizados com sucesso nas zonas urbanas e rurais de Ariquemes e Cacoal pela Idaron e a CCZ dos dois municípios, e acompanhados de perto pela Agevisa”, disse Ana de Nazaré.
De acordo com o coordenador do programa estadual de Controle da Raiva nos Herbívoros Domésticos da Idaron, Ney Azevedo, hámorcegos hematófagos do Norte do México até o Norte da Argentina, e suas manifestações (ataques) variam devido a fatores, como topografia (cavernas). “Em nossa região existem comunidades pequenas desses morcegos, que normalmente habitam em troncos de árvores”, afirmou
Azevedo garantiu que é impossível erradicar a raiva animal, pois o vírus está presente na natureza e somente podemos manter a doença controlada. “Em Rondônia estamos com níveis bastante aceitáveis em relação aos outros estados do Brasil”, citou, parabenizando os produtores que tiveram a iniciativa de procurar ajuda junto à Idaron.
Outras informações importantes são que os ratos urbanos (Mus musculus) não transmitem a raiva animal e que o comportamento dos herbívoros domésticos (bovinos, equinos, muares, caprinos, entre outros) ao ser infectados ficam apáticos e, nesse caso, a raiva é transmitida através da saliva quando o animal é tocado. Já o comportamento dos carnívoros (canídeos e felinos, entre outros) é agressivo e os animais infectados saem a esmo, mordendo todos que encontram pela frente.
Um parceiro importante no controle e certificação da raiva em animais urbanos é o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). O médico veterinário responsável pelos exames, Dionatan Tatieri Braum, informou que todos os mamíferos domésticos e silvestres podem transmitir a única doença que é mortal em mais de 99,99% dos casos, pois o vírus se aloja no único lugar em que o sistema imunológico não enxerga, dentro dos neurônios.
Dionatan Braum explicou, ainda, que a manifestação da doença depende do local onde o ser humano for contaminado, normalmente por mordida, pois a caminhada do vírus até os neurônios pode levar de 10 dias a 2 anos, ou até mais anos.
“O Lacen está totalmente equipado para realizar os exames necessários para confirmar ou descartar os casos suspeitos de raiva animal. Dispomos de equipamentos de alta precisão e, principalmente, de corpo técnico de alto nível, além de extensa experiência em doenças infecciosas”, revelou o diretor, Luiz Tagliani.
EXAME
O primeiro exame em animais urbanos, que é a reação de imunofluorescência, é realizado pelo próprio Lacen, enquanto o laboratório do Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), coopera com um segundo exame que confirma os diagnósticos altamente prováveis. No caso de animais silvestres (rurais), os exames ficam a cargo do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), também de Belém.
A bióloga do Lacen, Alda Lobato, apontou que a principal medida preventiva é a vacinação dos animais domésticos, que ocorre todos os anos, normalmente no mês de outubro. Cabe ao governo de Rondônia fiscalizar a vacinação, que é de responsabilidade das prefeituras municipais, enquanto as vacinas são enviadas pelo Ministério da Saúde (MS). “Cabe também aos cidadãos a vigilância e a denúncia aos órgãos de saúde do seu município sobre casos de agressão ou suspeitos”, frisou Alda.
Dionatan Braum alerta, que mesmo com poucos casos de raiva animal transmitidos, não podemos esquecer que a doença é letal em mais de 99,99% dos casos e os pouquíssimos que sobrevivem ficam com sequelas neurológicas e físicas para o resto da vida.
Fonte
Texto: Marco Aurélio Anconi
Fotos: Admilson Knightz e Maicon da Costa
Decom - Governo de Rondônia
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